O trabalho de Jurgen no campo da moda recebeu importante inspiração de Venetia Scott, estilista (e também fotógrafa) responsável pela imagética que revolucionou a fotografia de moda nos anos 90, através do look actualmente reconhecido como heroín chic. Caminhando no sentido inverso da convencional fotografia de moda, em que a ilusão e o universo fabricado de perfeição povoam os retratos, Venetia aspirava uma moda democrática e ideossincrática (ainda que moda e ideossincracia pareçam, quando colocados na mesma frase, um contracenso). Nas suas produções reinava uma ambiência algo acidental, em que os coordenados (acessíveis aos bolsos de todos) pareciam ser combinados arbitrariamente e as modelos captadas no âmago da transparência matinal.
fotografia por Jurgen Teller
Esta busca por uma fotografia de moda em que o ideal é a imperfeição do realismo foi o elo de ligação entre ambos, cujo desejo era comunicar uma forma de estar na moda que não se assumia no centro das tendências.No seu trabalho Jurgen recusa a ilusão da edição de imagem e a busca da perfeição nos corpos. Mais ainda, as suas fotos contrastam com as demais no campo da moda pelo enquadramento dos modelos num contexto ao qual tende a atribuir maior peso na imagem do que ao sujeito, as cores não são vibrantes e apelativas, sendo antes algo melancólicas e pálidas, a expressão das modelos não se aproxima do habitual glamour e posição inatingível habitualmente encenada, oscilando antes entre uma felicidade expontânea e uma distância contida, em que o observador é colocado numa posição voyeurista em detrimento de espectador . Contudo, de alguma forma as indumentárias, não sendo centrais na narrativa visual, são uma peça fulcral das imagens, que não ilustram simplesmente um momento fugaz.
Fotografias por Jurgen Teller
Esta série de 1997 publicada na revista Dazed & Confused (disponível nesta comunidade dedicada ao fotógrafo) permite ter uma leitura correcta do trabalho, muitas vezes algo autobiográfico segundo uns, narcisista segundo outros, de JurgenTeller.